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Sabedoria antiga ou modernidade inovadora?

  • Foto do escritor: Amanda Claudino
    Amanda Claudino
  • 10 de abr.
  • 4 min de leitura

O velho e o novo

 

Sobre o que é este post:

Sobre como as diferentes gerações podem conviver em harmonia.

 

Olá! Hoje trago uma reflexão sobre a polêmica questão da dificuldade dos jovens em entender as dificuldades das pessoas mais velhas.


Vejo muitos vídeos nas redes sociais falando sobre como é importante que os jovens entendam o lado dos mais velhos, mas também de jovens reclamando que os mais velhos não os entendem. As queixas vêm dos dois lados e são queixas completamente fundadas na realidade e a Psicologia tem uma boa explicação para isso.


A capacidade de compreender o ponto de vista do outro, vai muito além da famosa “empatia”, termo utilizado de forma muito inadequado nas redes sociais, mas isso é pauta para outro texto.


Diante de uma situação conflituosa, ser capaz de analisar os fatos e responder de forma assertiva me lembrou dois conceitos já estudados pela Psicologia: a inteligência emocional e a sabedoria.


Para os psicólogos e pesquisadores Salovey e Mayer, a inteligência emocional diz respeito à capacidade de perceber, usar, entender e administrar as nossas e as emoções dos outros, a fim de alcançar um determinado objetivo. Com tal habilidade, a pessoa consegue utilizar a emoção para lidar de forma eficiente com ambiente, escolhendo o comportamento mais adequado para cada situação.


Na prática, em uma situação de conflito entre o que eu acho que é melhor ou o que uma pessoa mais jovem acha que é melhor, a inteligência emocional vai me ajudar a ponderar entre o que é o comportamento mais adequado para suprir as minhas necessidades e a do outro.


E como isso seria possível?


Eu teria que ter certeza da forma como me sinto em relação ao problema e tentar compreender o que o outro sente sobre a mesma situação, ouvindo-o de forma atenta. Aí sim, você terá dois pontos diferentes para refletir e pensar em diferentes soluções. Inclusive, ouvir as propostas de solução do outro também te ajudam a pensar na resolução mais viável.


Como alguns devem ter percebido, para desenvolver a inteligência emocional é necessário que a pessoa tenha abertura para o novo e flexibilidade cognitiva. Isso quer dizer que é preciso renunciar a verdades universais e valores rígidos para conseguir ampliar a capacidade de compreender e manejar as emoções.


Já a sabedoria, geralmente é relacionada à experiência e atribuída às pessoas mais velhas, mas uma pesquisa realizada por Baltes e colaboradores no Instituto Max Plank em Berlim, analisou a sabedoria enquanto habilidade cognitiva em pessoas de diversas idades e teve outros resultados:


A sabedoria não é algo próprio da velhice, mas uma habilidade rara, que se desenvolve em poucas pessoas e se aprimoram ao longo da vida.


Pessoas com esta habilidade tendem a ter amplo conhecimento de fatos e procedimentos sobre a condição humana, sobre estratégias para resolução de problemas da vida, têm consciência de que o contexto em que as coisas ocorrem pode influenciar no problema, que os problemas podem ser interpretados e resolvidos de formas diferentes, e consciência de que as pessoas escolhem as formas de resolver seus problemas com base nos seus valores, objetivos e prioridades.


Na prática, em situação conflituosa, tal habilidade requer que a pessoa tenha vasto conhecimento sobre a condição humana (por livros e/ou aprendidas no convívio com pessoas), o que lhe dará um leque de opções de formas de entender e resolver problemas, e dependendo da forma como a situação se configura, será possível escolher a solução mais adequada ao momento. Isso, mais adequada, não a ideal. Idealizações não cabem aqui.


Ao fim, vejam que além de experiência, a inteligência emocional e a sabedoria requerem abertura para o novo e flexibilidade cognitiva, sendo que experiência é mais comum em pessoas mais velhas, mas abertura ao novo e flexibilidade cognitiva são mais comuns em jovens adultos.


E agora?


Pessoas jovens, com pouca experiência, podem aprender com a experiência do outro, conversando diretamente com pessoas ou através da leitura de livros, vendo séries, novelas, etc. Pessoas mais velhas podem se treinar para reavaliar e renunciar a seus antigos valores e verdades.


Não é fácil desenvolver e manter essas habilidades para pessoas de idade alguma, e para que isso ocorra, é preciso que exista um esforço consciente para manter um clima de convívio agradável entre pessoas de diferentes gerações.


Ao fim, percebemos que para resolver conflito entre pessoas de gerações diferentes, é preciso inicialmente que exista boa vontade.


Não existe geração certa ou errada, existem pessoas que decidem conviver em harmonia e aquelas que decidem tornar a vida um campo de batalhas. E também não cabe neutralidade aqui, pois o neutro permite que as coisas se mantenham da forma que está. E quando estamos em conflito, não intervir é deixar o conflito acontecer.


E aí, qual a tua escolha: guerra ou paz?


 

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